quarta-feira, 16 de março de 2016

Traumas...

Luan on

Entrei no quarto pra ver minha irmã e ela ainda dormia, tinha as mãos sobre a barriga e em uma delas eu vi que tinha uma agulha por onde ela recebia um soro na veia.
Kim e meus pais ficaram perto dela apenas a olhando e eu me aproximei de sua cama, pegando em sua mão, o que a fez acordar e soltar um berro agudo.

- NÃO TOCA EM MIM, TÁ ME MACHUCANDO, MEU FILHO, LUCAS, SAAAAAAAAAAAAAAI, EU NÃO QUERO, ROBER, NÃO DEIXA, MEU FILHO.
- Bruna, sou eu, Luan, seu irmão, fica calma, digo a abraçando forte enquanto ela se debate, tive medo de machuca-la, por  conta da  agulha em seu braço, então a segurei mais firme, o que só a fez se assustar ainda mais.
- NÃO ME MACHUCA, PELO AMOR DE DEUS, NÃO ME MACHUCA, ME SOLTA, EU NÃO QUERO ISSO LUCAS, EU QUERO QUE VOCE ME SOLTE...
Olhei pra minha mãe e ela também chorava assustada pelo estado de Bruna, nunca tinha visto minha irmã assim e também caí no choro tentando a todo custo não solta-la de meu abraço, eu só queria protege-la.
Bruna se debatia, chorava e tremia muito, e, pelo que Rober me disse, ela não podia ficar nervosa, eu não queria fazer aquilo, mas eu precisava chamar um médico, então, a soltei e sai correndo pelo corredor a procura de um.
Vi um médico de idade conversando com uma enfermeira no corredor e corri até ele pedindo ajuda.

-  cara, me ajuda, minha irmã tá em crise de pânico e ela tá grávida, tá no quarto tremendo e chorando, socorre ela pelo amor de Deus.
- Primeiro se acalme senhor Luan, ou não vou conseguir te ajudar, eu não posso atender ela, meu plantão acabou, mas posso te indicar outro médico, disse com tanta calma que minha vontade foi soca-lo, sabe me dizer o motivo de ela estar apavorada?
- Ela foi vitima de estupro, não faz pergunta, socorre a minha irmã porra, ela tá com gravidez de risco, dá pra fazer seu trabalho logo, falei enfurecido e Rober chegou ao meu lado o fazendo entender o quão grave era a situação.
- Dr, a Bruna tá grávida, teve um principio de aborto hoje cedo e não pode se exaltar, o filho eu ela espera foi gerado de um abuso, por isso o pânico, ela não pode perder essa criança e se isso acontecer por que você está demorando, eu juro que mato você, disse também muito nervoso.
 Vi um outro médico bastante jovem passar pelo corredor e o maldito que não queria atender Bruna, passou o caso pra ele, que ao contrario do outro médico, não fez perguntas e rapidamente foi comigo até o quarto onde minha irmã já não gritava, mais ainda tremia e chorava muito.

- Srta Bruna, o que está sentindo?
- Não me toca, sai daqui, disse já quase sem voz, não toque em mim.
- Se acalme senhora Bruna, eu não vou machucar você, o que sente?
- Luan, me ajuda, não deixa ele me machucar, meu bebe Luan, vai machucar meu bebe, vai me estuprar, não deixa Luan, o Lucas, me ajuda, não deixa...

Meus pais e Kim observavam tudo, chorando desesperadamente, aquilo não seria bom, então o médico pediu pra que se retirassem deixando apenas eu e Rober no quarto.

- meu filho, eu tenho que cuidar do meu filho, ninguém vai machucar meu bebê, eu não vou deixar, não, você não vai  deixar não é Rober?  Não deixa, por favor.

- ela está em um surto psicológico, não tenho outra alternativa a não ser aplicar nela um calmante, o seu estado nervoso pode ser prejudicial a gravidez, eu vou buscar a medicação, não a deixem sozinha, disse saindo do quarto.

- ele vai me machucar Pi, desculpa, eu não grito mais, eu juro, não deixa ele me machucar, não deixa machucar meu filho, por favor, ela disse se abraçando a mim em um choro doído que me cortava o coração, Rober, não deixa machucar meu bebê, vocês prometeram, não deixa lelinho, por favor...
- Ninguém vai machucar você Buba, só vão aplicar um remedinho pra você descançar...
- eu não quero, por favor, eu não quero, começou a se debater novamente e então o médico voltou a sala segurando uma seringa com uma agulha um tanto quanto grande, tadinha da minha irmã, não merecia passar por aquilo tudo.
- ela está inquieta, preciso que um dos dois a segure pra que eu possa aplicar a medicação.
- eu faço isso, disse Roberval abraçando Bruna e colocando sua cabeça em seu peito, e eu segurei seu braço pra que não se mexesse enquanto ela aplicava e a vi dar um gemido de dor e em poucos minutos adormecer em meus braços.
Assim que ela dormiu, o médico me chamou em sua sala e Rober continuou no quarto com Bruna, enquanto segurava em sua mão.

- Bom, ela só deve acordar na parte da noite, o que sua irmã teve foi um surto psicológico, você sabe me dizer se hoje ela se assustou ou viveu algo que a remetesse ao estupro que ela sofreu? Ou se ela passou por algo traumático hoje?
- Bom Dr,  ela teve uma discursão bastante séria com minha ex funcionaria, que lembrou minha irmã do que tinha acontecido e também ameaçou tentar dar um tapa nela, mas não fez isso, pra que ela não se estressasse, o Rober saiu com ela, mas ela passou mal e teve sangramento...
-Bom, o caso de sua irmã é o seguinte,  o que ela passou foi algo muito forte e isso gerou nela traumas, que agora ela tem começado a demonstrar, como fobia e terror noturno, se não houvesse a gravidez, eu poderia estar passando a ela uma medicação pra acalma-la, mas, como ela está gravida, isso não é possível.
Pelo que eu analisei o relatório que o médico que a atendeu mais cedo me passou, a Bruna tem placenta baixa, o que faz com que a gravidez dela seja um pouquinho complicada, pois, até o sexto mês, é necessário bastante atenção, pois, ela não deve carregar peso e nem se estressar, mas, como eu expliquei, pode ser que ela volte a ter crises de pânico como a de hoje, e isso tem que ser evitado ao máximo.
- E o que a gente tem que fazer, eu trabalho viajando, creio que saiba disso, não estou com ela o tempo todo...
- Sim, então deve alertar a quem está com ela a deixa-la fazer o que ela tiver vontade, contanto que não seja prejudicial a ela e o bebe, e que evite qualquer coisa que a remeta a cena do estupro.
Pelo que pude observar, ela já é muito apegada a essa criança, o que é muito bom, pois posso te garantir que ela não irá desenvolver o que chamamos de depressão pós parto, por hora, ela só precisa de  tempo pra assimilar todo o ocorrido e apoio, quando acordar, ela estará calma e se lembrrá do que aconteceu, mas, posso te garantir que o que aconteceu hoje, foi apenas pelo fato de ela se sentir ameaçada por sua funcionária, o que a fez, em um surto psicológico, transferir a qualquer pessoa o medo que ela sentiu, ou seja, ela só ficará assim caso se sinta ameaçada, o que devem fazer é cuidar para que isso não volte a acontecer.
- Tudo bem Dr, pode deixar...
- Como eu disse, ela só vai acordar na parte da noite, e pela manhã, se tudo correr bem eu mesmo a darei alta, hoje, uma mulher poderá acompanha-la durante a noite, e eu passarei no quarto pra avaliar como ela está, agora eu tenho outros pacientes, mas o que precisar é só chamar, e, também, sugiro que ela começe logo com o pré natal, pois, um obstetra saberá passar a ela todas as vitaminas necessárias e fará o acompanhamento da criança até o nascimento.
- Tudo bem, mas, o sr não me sugere levar ela a um psicólogo?
- Veja bem, o caso da sua irmã, eu não posso sugerir isso, pois, a relação psicólogo paciente, tem de haver confiança, e, sua irmã por hora, poderá como eu disse, ter medo de ser machucada por quem ela não conhece, o que vocês podem e devem fazer é permitir que ela se abra, que converse sobre o que quiser com vocês quando e se ela se sentir a vontade pra isso.
- Ela voltaria a estudar, na verdade, ela  começaria a faculdade na segunda feira, ela ainda pode seguir com os estudos por enquanto ou é arriscado?
- Depende da vontade dela, não pressione, se ela quiser mesmo estudar, será ótimo pra ela, é uma descontração, mas, se ela não se sentir a vontade, não deve forçar.
- Tudo bem...

Depois de conversar com o médico e esclarecer todas as minhas duvidas, voltei ao quarto de minha irmã onde todos estavam e falei com eles tudo o que o médico me disse.
Rober veio conversar comigo e disse estar totalmente disposto a ajudar no que pudesse e me contou também que propôs a Bruna ajuda-la a criar seu filho e assumi-lo como filho se ela aceitasse, o que realmente me pegou de surpresa não esperava que ele estivesse a amando tanto assim.
Já era quase oito da noite quando Bruna acordou, e, como o médico disse, ela se lembrou de tudo o que aconteceu, inclusive  de ter ficado muito nervosa e chorado bastante mais cedo, e se sentiu envergonhada, pedindo desculpas pelo ocorrido.
Passamos a ela todo o apoio que conseguimos e dizemos que ela não tinha que se envergonhar, agora, o foco era aquele serzinho tão amado que estava por vir, e que já a fazia tão feliz.  Pela noite, nos despedimos, pois apenas  minha mãe  poderia ficar como acompanhante e Bruna pegou meus pais de surpresa, pois, ao se despedir do Roberval, ela a puxou para um beijo na boca, agradecendo e dizendo que depois eles tinham muito o que conversar.  
Sai do hospital com o coração apertado por ter que deixar minha irmã lá, mas eu sabia que ela ficaria bem.
Fui para o apartamento de  Kim e contei a ela que o médico disse que a faculdade faria bem a Bruna, mas, vi que Kim baixou a cabeça quando toquei no assunto delas voltarem a estudar.

- Que foi meu bem? Não tá animada pra voltar a estudar depois de mais de um ano parada?
- estou Lu, claro que estou...
- Então por que dessa  cara? Eu não tô entendendo...
- Por que pra ser sincera, ao esmo tempo que estou amando, eu tenho medo lu, muito medo, confessou caindo no choro sem me explicar o que tanto a deixava amedrontada.


“ Na tentativa falha de concertar um erro, eu errei com quem mais eu amei e quem mais me amou, talvez por não estar acostumado a ser tão amado e tão livre ao mesmo tempo, eu tenha me deixado me encantar mais pela liberdade que pro amor, e agora, me arrependo do que fiz, mas, juro que vou fazer de tudo pra recuperar o que perdi, e dar o amor que eu não pude dar...”


Capitulo enooooooooooorme e com direito a suspense, e ai, bora tentar adivinhar o que tem por vir? Vem mudanças por aí, e talvez não sejam tão boas assim...

3 comentários:

  1. Oi amei esses capítulos.
    Tô toda emocionada com tudo que está acontecendo com a Bruna.
    Tadinha dela.
    Ainda bem que ela não perdeu o bebê.
    Imagino como deve estar a cabeça do Luan com tantos problemas e o duro que ele não para em casa para conseguir resolver todos os problemas.
    Beijos cá

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  2. A Bruna coitada tá sofrendo muito.
    Nem sei como vai ser a volta para casa.
    Não sei como vai ser sem ter um médico ou uma infermeira em casa para socorrer na hora da crise.
    Beijos cá

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  3. Essa faculdade pode até ser boa para a Bruna mas só quero ver quando os amigos homens da faculdade querem conversar com a Bruna qual vai ser sua reação.
    Será que vale apena tentar fazer faculdade eu não sei o que é melhor.
    Para a Kim vai ser ótimo ela voltar a estudar apesar do medo dela.
    Beijos cá

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