Não pode ficar bravo...

Bruna on

Eu ainda estava perdida, mas parece que desde a hora em que peguei aquele resultado em mãos um sentimento novo brotou dentro de mim, era estranho pensar que agora eu era responsável por uma vida, que alguém realmente dependia de mim, acordei com esses pensamentos e já se passava das nove horas, tomei um banho e coloquei uma roupa fresca para descer, não estava com um pingo de fome mas disse a mim mesma que agora eu precisaria me alimentar, então fui a cozinha e preparei um sanduíche. Estava sentada na mesa quando ouvi uma voz de criança perguntando por mim e logo reconheci ser o afilhado do testa, aquele menininho era uma graça.

Fui onde eles estavam e ele pulou nos meus braços, logo ele voltou pro colo do Luan, louco pra ver ele cantando e passamos a manhã assim, fazendo as vontades do pequeno.

Dona Duda logo avisou que o almoço estava pronto e entramos, meus pais já estavam na cozinha e começamos a nos servir.

- Ele como sozinho Rober? Perguntei, mas quem respondeu foi o próprio Nathan

- Eu come, tia, eu come com minha mãozinha ó...

- Pretinho, hoje você vai comer com o padrinho, você não quer que a tia Marizete fique brava não é? Eu não quero que você se suje e derrame aqui meu bem, come com o dindo pra não fazer bagunça...

- tá bom, mas não fica bravo igual o papai, ontem de Lua, o senhor me deixou com a mamãe e o papai chegou e ficou bravo, muito bravo assim ó, disse fazendo cara de feia, papai não gosta que eu fica grudado, ele não gosta de abraçar e eu abracei muitão, ai falou eu grudento,  deu tapa na bunda e eu chorou, não fica bravo dindo, não fica brava tia Zezete,  eu fico bonzinho, come tudo com o dindo tá bom?

Depois do que o Nathan falou aquilo o clima da mesa mudou totalmente, vi meu irmão balançando a cabeça negando contrariado e dando um suspiro de insatisfação por saber daquilo, Luan adorava crianças assim como todos aqui e saber disso nos chateou bastante.

- Ninguém vai ficar bravo não Nathan, vem cá no tio Luan, come com o tio...

- Eu pode padim? Sem bagunça pla não ficar bravo?

- Pode sim, vai lá, meu Deus, como gosta desse tio  Lú...

Ele foi correndo para o colo do meu irmã e almoçamos tranquilamente, Luan fazia graça com ele e todo mundo ria, era incrível como uma criança animava o ambiente e eu me peguei pensando em como seria quando meu pequeno ou pequena chegasse, meu Deus, eu já me sentia mãe, que loucura...

Depois do almoço resolvemos assistir um filme de desenho e aquilo foi uma verdadeira bagunça, era guerra de pipoca e meleca com brigadeiro pra todo lado, a tarde realmente estava animada e Nathan se divertiu tanto que estava com sono e acabou dormindo no colo do testa.

- ô boi, põe ele lá em cima pra dormir na minha cama, aqui ele vai acabar acordando...

- Não vou recusar não Luan, mas antes, pode segurar ele pra mim rapidinho? Só pra eu pegar a fralda dele no carro, senão ele pode molhar a cama...

Roberval foi buscar a fralda no carro e eu peguei ele do colo de Luan e o levei para o quarto, dava pena pensar no que o pequeno tinha falado do pai, eu sabia que o Fernando não era muito presente, mas bater naquele anjinho era demais...

- Deixa eu colocar a fralda nesse neguinho antes que ele faça bagunça...

- é engraçado o carinho que você tem com ele, parece que tem mais que o pai dele...

- Aquele cara não vale o prato que come, a Ana que não me falou do que aconteceu ontem senão eu nem sei...

- é uma maldade negar o carinho de um pequeno tão puro, você parece que vai ser um bom pai testa, o jeito que cuida do afilhado...

- Queira Deus, queira deus...

Ele colocou o Nathan na cama e descemos, quando chegamos na sala vi que Luan e Kim estavam grudados e chamei o Rober pra ir pra varanda, não queria atrapalhar o namoro dos dois, mal sabia o que minha loucura ou carência me levaria a fazer...